VOCÊ SABIA? – Um pouco mais sobre a história. ( PARTE II)

A modernização dos tanques Stuart foi um sucesso. O Exército, que tinha comprado no início da década de 60, uma frota de 300 carros médios M-41 Walker Bulldog, resolveu aplicar os mesmos conceitos na mesma. Eram acionados por um motor Continental a gasolina refrigerada a ar de 500cv, mesmo sendo bem mais modernos do que os Stuart, e consumia 3,3 litros/km. Fora isso, por ser necessário importar componentes raros no mercado, as revisões mecânicas se tornaram cada vez mais caras e difíceis. Então, em 1980, a frota foi reformada: o motor foi trocado por um diesel Scania V8 turbinado com 420 cv (elevando a autonomia de 280 para 600 km), foram modificadas as caixas de transmissão, substituídas as lagartas, componentes da suspensão, rádio e sistema de pontaria, todos por materiais de fabricação nacional; foram reforçadas a blindagem frontal e a torre e alguns deles tinham saias de aço. Depois de usinado e aumentado, aproveitando o aço das munições, para 90mm (antes era 76mm), o canhão original padronizou sua munição com o Engesa Cascavel, foi esse o grande trunfo da Bernardini. O novo tanque foi chamado de M41-C Caxias. A Bernardini produziu cerca de 150 unidades, além de kits de transformação exportados para as forças armadas de alguns países. No início dos anos 2000, os tanques Caxias compõem a maior parte da frota de blindados sobre esteira do Exército Brasileiro.

Foto: M41-CAXIAS
Após toda essa experiência adquirida pela Bernardini, eles deram um passo mais ambicioso e projetou junto com o Exército, o primeiro carro de combate sobre esteiras de concepção nacional. O objetivo era substituir o Caxias por um carro que levasse em conta as restrições orçamentárias da arma, tivesse máximo desempenho, confiabilidade e padronização com mínima dependência externa. O projeto levou quase cinco anos para apresentar o produto final, o MB-3 Tamoyo ) – tanque médio de 30 t com 98% de nacionalização (em peso), motor traseiro V8 Scania diesel com dois turbocompressores e 736 cv, caixa de transmissão Alisson CD 800, acoplada no motor, freio hidromecânico com retarder, atuando na transmissão; suspensão por barras de torção e amortecedores, com seis rodas de apoio de cada lado (rodas de direção à frente). A torre, com mecanismo de giro elétrico, era equipada com um canhão que dispunha de uma modernidade para a escolha dos milímetros dos canhões, que variavam entre 90mm, 105mm e 120mm; a cabine, para uma tripulação de quatro, dispunha de ar condicionado. O Tamoyo contava com tecnologia de ponta, como computador de tiro, pontaria laser, proteção QRB (química, radiativa e biológica) e visores infravermelhos.

Foto: Tamoyo
Elogiado pelo equilíbrio entre atualização tecnológica, o projeto Tamoyo tinha simplicidade construtiva e de manejo – características do material bélico brasileiro. Mas para atrair o mercado externo, a Bernardini lançou versões mais sofisticadas, sem contar muito com a simplicidade do Tamoyo I. Foram construídos apenas cinco exemplares do Tamoyo, mesmo sendo considerado o melhor produto da Bernardini.
No início da década de 90 o Programa Militar Brasileiro entrou em crise, por cortes orçamentários e proliferação de oferta. O governo Collor chegou dando sua sentença de morte, retirando o restante apoio ao desenvolvimento nacional de equipamentos militares.
Em 1985, a Bernardini preparou o jipe Xingu para participar de concorrências do Exército e Fuzileiros Navais. Que na prática, era somente uma versão militarizada do Toyota Bandeirante, com bitola alargada e três comprimentos de chassi, com alterações como: guincho, acoplamento para reboque, para-brisa rebatível, santantônio, faróis militares e suspenção reforçada.

Foto: Xingu
Em 1988, a empresa produziu o anti-distúrbio AM-IV 4×4, um pequeno blindado montado sobre o chassi curto do mesmo Toyota, com três portas (uma traseira), escotilha no teto, seteiras, lançadores de granadas de gás, ar condicionado e filtro contra gases na cabine. Dotado de freios a disco ventilados na frente, o carro contava também com embreagem hidráulica e dois tanques de combustível com alimentação pelo interior da cabine. A maior parte dos 50 veículos que foram fabricados, foi exportada para o Chile.

Foto: AM-IV
Após o governo Collor, a situação das empresas que produziam materiais bélicos se agravou, e praticamente acabou.

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